A gestão financeira para o seu trabalho diário

Altos executivos e gerentes financeiros conhecem ou já ouviram falar sobre a expressão “indicadores financeiros”, mas boa parte deles, não sabe, exatamente, o seu significado, tampouco sua importância no dia a dia de suas organizações e a elevada necessidade do gerenciamento destes indicadores para o sucesso da empresa.

É a partir de dados específicos que podemos medir o desempenho da empresa. Esses indicadores financeiros também são a bússola para a tomada de decisões e para o planejamento futuro.

Foi, justamente, pensando na importância de entendermos os indicadores financeiros, que surgiu a necessidade deste trabalho que pretende, em linguagem simples, descomplicar o “financês”.

• Qual o significado dos indicadores financeiros?
• Qual a sua importância?
• Quais são as categorias, comumente, trabalhadas?
• Quais são os mais relevantes indicadores para agregar valor à sua empresa?

INDICADORES FINANCEIROS – significado

Quando se lê na mídia que o Brasil deve crescer de 4% a 5% no ano, a maioria das pessoas tem uma boa ideia do seu significado: trata-se de um número que demonstra quanto o PIB (Produto Interno Bruto) do país será maior, em relação ao ano anterior. Este número é chamado de “indicador” e tem o poder de traduzir o desempenho geral da economia brasileira.

Outro exemplo de indicador é o termômetro, que usamos para medir o estado febril de uma pessoa. E na sua empresa, quais são os indicadores utilizados para acompanhar seu desempenho? Como sabemos qual a velocidade em que ela está se movendo? Ou se a empresa está com febre? Ela está aumentando ou diminuindo? Assim como tais indicadores são utilizados no dia a dia, automaticamente, o mesmo ocorre com relação à empresa.

Os indicadores estão presentes no cotidiano de cada pessoa, e com bastante frequência. Dirigindo um carro, por exemplo, é no indicador velocímetro que se presta atenção para não receber multa, por excesso de velocidade.

O mundo empresarial funciona da mesma maneira. Os indicadores financeiros mostram como podemos melhorar o desempenho das nossas equipes e, assim, manter a empresa sempre com muita saúde, pois as anomalias serão identificadas, tratadas e eliminadas, tempestivamente.

Obs.: lembre-se sempre que indicador sem meta é inócuo.

A IMPORTÂNCIA DOS INDICADORES FINANCEIROS

A gestão financeira é um dos pilares que sustenta toda a empresa. Como os departamentos de uma organização viveriam sem os recursos que a área financeira fornece?

Podemos entender como gestão financeira a tomada de decisões estratégicas de longo prazo, tanto de investimento (aplicação de recursos) quanto de financiamento (captação de recursos), visa também prover recursos para operações táticas específicas e de médio prazo, como prover os recursos para uma campanha publicitária, além de estar atenta para as necessidades do custeio da operação.

Ou seja, é missão do gestor desta área o gerenciamento de um conjunto de ações e procedimentos administrativos que visam maximizar os resultados econômicos e financeiros da empresa.

Sendo assim, essa figura corporativa é tão importante para a empresa quanto um maestro é para uma orquestra ou um médico é para a nossa saúde.

William Edwards Deming (1900-1993), estatístico, professor universitário, autor, palestrante e consultor norte-americano, considerado um mestre do gerenciamento de qualidade no mundo resume:Maestros, médicos e gestores financeiros se baseiam em parâmetros para que as suas tomadas de decisão sejam excelentes. E no caso das empresas estes parâmetros são os indicadores financeiros.

“Não se gerencia o que não se mede; não se mede o que não se define; não se define o que não se entende; não há sucesso no que não se gerencia”.

AS CATEGORIAS DOS INDICADORES FINANCEIROS

Já ficou claro que os indicadores financeiros são as métricas de desempenho obtidas a partir das demonstrações financeiras, a saber:

Indicadores de lucratividade:

Na prática, são os indicadores financeiros que mostram o quanto a empresa está lucrando efetivamente após a venda de seus produtos ou seus serviços. Estes são dados obtidos pelo cruzamento de informações do DRE, o Demonstrativo Resultado do Exercício e da receita líquida da empresa.

Indicadores de rentabilidade:

Também estão relacionados com o lucro efetivo, mas estes indicadores financeiros são extraídos da relação entre o lucro obtido e as receitas conquistadas pelas vendas, ativos e pelo capital investido.

Indicadores de estrutura de capital:

Este é um indicador que analisa o endividamento da empresa e o relaciona com o fôlego financeiro para o pagamento de juros.

Indicadores de liquidez:

Em todo orçamento precisamos cotar as contas a pagar. Isso vale para a nossa vida pessoal ou para as empresas e os indicadores de liquidez mostram a capacidade que a corporação tem para arcar com seus compromissos em curto prazo sem comprometer as metas orçamentárias.

Indicadores de atividade:

Como o próprio nome diz, esta é uma métrica que trata da atividade fim da empresa. Ela deve mensurar o tempo que uma ou mais contas são convertidas em vendas ou caixa. Giro de estoques e período médio de recebimento ou pagamento são alguns exemplos deste indicador.

INDICADORES DAS EMPRESAS os mais comuns.

Os mais usuais tipos de indicadores financeiros que a gestão de uma empresa precisa conhecer para medir o desempenho e planejar os próximos passos rumo ao desenvolvimento. Não querendo dizer que devemos usar todos ao mesmo tempo e sempre, muito menos que outros não possam ser adotados.

1. Faturamento bruto: Este é um indicador de simples entendimento. Na prática, é a soma de tudo o que foi faturado em um determinado tempo, e mostra o quanto a empresa está vendendo de forma bruta. É fundamental para o planejamento. Por exemplo, se você vendeu pouco, procure a razão e invista em marketing ou aumente a equipe de vendas, etc.

2. Retorno sobre o Investimento (ROI): Outro indicador importantíssimo! O ROI é a relação entre o retorno e o capital investido em um negócio ou projeto. Ele permite, então, visualizar a viabilidade do rendimento de tal capital. Em outras palavras, com o ROI é possível calcular quanto dinheiro a empresa irá ganhar ou perder em cada investimento que realiza.

Talvez você pense que deve ser complicado calcular isso, mas a fórmula é relativamente simples: ROI = (Lucro do investimento – Custo do investimento) / Custo do investimento.

Vamos a um exemplo para melhor entendimento. Digamos que tenha sido investido R$ 2.000 em uma campanha de marketing que trouxe um retorno de R$ 3.000 em vendas. O cálculo fica assim: (3000 – 2000) / 2000 = 0,5.

Então, leia o resultado desta forma: essa ação trouxe um retorno 50% maior que o valor investido inicialmente (para saber o valor percentual, basta multiplicar o resultado por 100).

3. Recebimento: A inadimplência é um problema real e precisa ser medida. O indicador de recebimento mostra o quanto do que foi faturado (faturamento bruto) de fato entrou no caixa da empresa. Se a taxa de inadimplência estiver alta, avalie formas mais seguras de receber e pense também na possibilidade de impor multas ou contratar empresas especializadas em cobrança, bem como analisar o processo de concessão de crédito.

4. Demonstração do Resultado do Exercício (DRE): A estrutura do DRE é constituída por um relatório contábil elaborado juntamente com o Balanço Patrimonial, que descreve, de forma vertical e resumida, as operações financeiras de uma empresa em determinado período de tempo. Ela apresenta o resultado líquido, que pode ser lucro ou prejuízo. A conta é simples, a DRE é o confronto das receitas, custos e despesas da organização.

5. Gastos fixos: Manter uma empresa custa caro. Gastos fixos como aluguel, salários, assessorias, veículos, materiais de limpeza e de escritório e até o cafezinho do dia a dia entram nesta conta, não importa se o resultado do faturamento foi ótimo ou péssimo. Avalie o impacto de cada um dos gastos fixos para obter os melhores resultados, mas lembre-se de que o bem-estar do funcionário tem impacto no rendimento e, por isso, não faça cortes desnecessários.

6. Lucratividade: O sexto item da nossa lista de indicadores financeiros mais importantes é obtido ao dividir o lucro líquido pela receita total, e depois multiplicar o resultado por 100. Essa conta vai mostrar o quanto você ganhou em relação ao que foi gasto em todo o processo. Se o resultado for baixo, pense em como aumentá-lo. O uso de novas tecnologias para cortar gastos pode ser uma solução para este tipo de problema.

7. Ticket médio: É quanto cada venda ou cada cliente consomem o seu produto ou serviço em um determinado período de tempo. Se este indicador econômico estiver muito baixo, indica que você deve pensar em novas formas de vender mais e melhor para cada cliente. Um plano de fidelização, por exemplo, pode ser uma boa ideia. Ticket médio alto, por outro lado, indica que você tem clientes mais satisfeitos, que representam um valor maior a cada venda e, por fim, um maior faturamento.

8. Margem Bruta: É o resultado da divisão do lucro bruto (o faturamento bruto menos os custos totais) pela receita operacional líquida (a receita total menos os gastos com impostos, descontos e cancelamentos), multiplicado por 100. A matemática pode até parecer complicada, mas o conceito é mais simples. Margem Bruta é o quanto cada produto ou serviço representam no seu lucro, quais sãos os itens que vendem melhor ou pior. Este é um indicador financeiro fundamental para a criação de melhores estratégias de marketing.

9. Margem Líquida: É parecida com a margem bruta, mas em vez de usar o lucro bruto no cálculo, usa-se o lucro líquido. É mais um indicador da fatia que cada produto ou serviço representa sobre o lucro total. Também é uma informação indispensável para um excelente planejamento de marketing.

10. Prazo Médio de Estocagem (PME): Já ouviu falar que produto em estoque é prejuízo? São produtos que ficam velhos, que se deterioram e por isso não podem ficar parados, ainda que sejam vendidos com desconto ou em promoções para que o fluxo de negócios siga girando.

11. Prazo Médio de Recebimento (PMR): Faturou? Dentro de algum tempo o valor da venda estará em seu caixa (se não houver inadimplência). O tempo médio deste processo com todos os seus clientes é o PMR. Se este indicador financeiro estiver muito alto, pense em formas de receber mais rapidamente, pois ele poderia estar sendo usado de outras formas.

12. Prazo Médio de Pagamento (PMP): É o contrário do PMR, ou seja, o tempo médio que a sua empresa demora em pagar faturas para um fornecedor. Ter um PMP alto é bom, porque significa que você tem mais tempo para usar o dinheiro, como se o seu fornecedor fosse também um financiador.

13. Nível de endividamento: Endividamento gera juros e por isso é sempre melhor que a empresa possa andar com as próprias pernas em vez de captar dinheiro com bancos ou financiadores. Mas em alguns momentos investimentos são necessários e podem ser feitos, mas com cuidados. Um indicador de endividamento alto pode significar que o seu lucro está sendo usado para pagar juros em vez de representar resultado real para a empresa.

Compreender os conceitos expostos neste trabalho torna gestores mais aptos a lidar com as métricas de mercado e, desta forma, mais preparados para as tomadas de decisão fundamentais no dia a dia, seja nos processos cotidianos ou no planejamento para o futuro.

Publicação Siteware – adaptação Erico C. Barros

Erico Barros

Erico Barros

Conselheiro e sócio do Aquila, é administrador com especialização em economia e finanças pela University of Cambridge e avaliação de negócios governamentais pela USP. Participou do Program for Management Development da Harvard University e integrou a 1° missão de executivos brasileiros ao Japão, em 1991. Atua há mais de três décadas com a gestão de organizações de diversos segmentos. Autor do livro técnico, Análise Financeira – Enfoque Empresarial (2016).

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