Frequentemente, as empresas travam embates acirrados procurando validar o uso sistemático de balanços gerenciais, ou simplesmente tentam convencer aos dirigentes, acionistas e conselheiros quanto a sua utilização sob a desculpa dos atrasos sistemáticos da apuração dos balancetes e balanços.
Os balanços gerenciais podem trazer em seu bojo vícios ou deslizes que comprometem não só a clareza dos fatos e dados, mas também, em alguns casos, a lisura dos números apresentados. Em empresas grandes, com investidores menores, essas situações, com revelações não corretas, podem “explodir” a médio e longo prazo, ocasionando momentos de grandes embaraços e desconfortos.
Episódios que mascaram os resultados da organização, com certeza, presentes em balanços gerenciais:
- Não efetuar provisões para passivos trabalhistas, devedores duvidosos, disputas legais;
- Não baixar títulos a receber vencidos e não recuperáveis;
- Manter no ativo equipamentos e máquinas sucateados;
- Não baixar do estoque itens obsoletos, vencidos.
- Não classificar os dados com respeito às normas contábeis vigentes.
CONCLUSÃO
Necessário se torna o alerta:
CUIDADO com os balanços gerenciais, pois, ao se tornar prática comum na empresa, instala-se uma verdadeira PRAGA.
Só se admite a ideia de um balanço gerencial e, somente um, quando há um responsável e com fins e objetivos bem claros. Se cada um fizer seu balanço gerencial, não há números que resistam as análises. Não permitir jamais tal proliferação, considerando que cada um levará o “seu” balanço e números e, portanto, a reunião de resultados, por exemplo, não chegará ao fim desejado.
Existindo o departamento de contabilidade da empresa será ele o responsável pelo fornecimento dos números oficiais, caso contrário vamos questionar a existência da área e não eternizar a anomalia: “atrasos sistemáticos da apuração dos balancetes e balanços”.
Existindo a citada discrepância será mandatória a busca da causa fundamental e eliminá-la, pois a criação de balanços gerenciais é somente ataque aos sintomas. Números errados ensejam decisões equivocadas.
Erico Barros
Conselheiro e sócio do Aquila, é administrador com especialização em economia e finanças pela University of Cambridge e avaliação de negócios governamentais pela USP. Participou do Program for Management Development da Harvard University e integrou a 1° missão de executivos brasileiros ao Japão, em 1991. Atua há mais de três décadas com a gestão de organizações de diversos segmentos. Autor do livro técnico, Análise Financeira – Enfoque Empresarial (2016).