O caminho para superar a crise

O contexto macroeconômico desfavorável tem motivado o pessimismo empresarial, com viés de continuidade nos próximos meses. Porém, aqueles que rompem o coro e sabem identificar na crise as oportunidades de melhoria irão se sobressair. Essa foi a mensagem de Raimundo Godoy durante almoço-palestra promovido pela Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE-MG), na sede da Fiemg.

Transformar a crise em momento de criação, identificar as oportunidades e investir em conhecimento, para não dependermos tanto da tecnologia externa, é condição fundamental e responsabilidade das lideranças empresariais. Enfático quanto ao tema “Visão de Futuro 2020”, Raimundo disse não duvidar do crescimento do País, mas que depende dos brasileiros “sair da caixa, criar e fazer algo que possa ter utilidade para alguém”.

Em uma breve explanação dos principais momentos econômicos do Brasil, Raimundo Godoy concluiu que a cada 20 ou 30 anos o País dá um grande salto e, depois, entra num período de reflexão, momento este que faz parte do processo, pois é quando se identifica as oportunidades. Mencionando exemplos de empresas que superaram ou não as adversidades, explicou que é essencial cuidar da questão financeira e, mais importante do que alavancar vendas, cuidar do caixa é o que determinará a sobrevivência do negócio.

 

Um dos entraves, em sua avaliação, é não ter tecnologia suficiente e depender de outros países. “Nada substitui o conhecimento, quando não se tem, é preciso aprender ou pagar. Nosso problema é a falta de capacidade de transformar matérias primas em produtos altamente tecnológicos. Onde está o componente brasileiro? Não tem”, afirmou durante a palestra. Citou como exemplo o vasto território no nordeste brasileiro, onde, embora a terra seja farta, por falta de água não prospera e, sem conhecimento e tecnologia necessária, optou-se por transpor o Rio São Francisco ao invés de investir na dessalinização da água do mar. O resultado foi um alto gasto com a transposição sem efetivamente o projeto sair do papel.

 

Em períodos de reflexão, como define a crise econômica, Raimundo fez uma advertência aos erros de empresários. “Melhorar é difícil porque não temos tolerância zero com erros velhos. Se eu quero melhorar, vou errar sempre, mas com erros novos” e destacou o tripé do sucesso: dedicação ao trabalho, excelência no que faz e honestidade, evitando atalhos e caminhos mais fáceis. Fez também um alerta sobre a necessidade de cercar-se de parceiros confiáveis, desde fornecedores a colaboradores e, novamente, da importância de encarar dificuldades como oportunidades, deixando de lado o comodismo e partindo para a ação.

 

Além das orientações aos presentes de como melhorar e otimizar a gestão dos negócios, Raimundo lembrou da presença chinesa no mercado brasileiro. “Por causa da desvalorização cambial, nossas empresas valem muito pouco hoje. Países como Colômbia e Peru já acordaram quanto a isso e estão se mobilizando. Senão ficarmos atentos, vamos perder tudo que já conquistamos”.

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