A gestão pública e o ambicioso desafio de Goiânia

Em Goiânia, a sociedade civil organizada e a prefeitura municipal decidiram se comprometer com um objetivo ambicioso: colocar a cidade entre os dez municípios brasileiros com melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) até o ano de 2033, quando a capital de Goiás completa seu centenário. O município, atualmente, aparece na posição 45 desse ranking.

O projeto é liderado pelo CODESE (Conselho de Desenvolvimento Econômico Sustentável e Estratégico de Goiânia), uma entidade apartidária e sem fins lucrativos. Desde março, em conjunto com a prefeitura municipal, o CODESE tem implementado estudos, planos e ações para aprimorar a gestão pública e melhorar as condições de vida da população.

No mês de maio, Raimundo Godoy, Referência Técnica e sócio do Instituto Aquila, proferiu uma palestra na cidade, em evento organizado pelo Conselho, para discutir esses desafios municipais e contribuir com estratégias para o cumprimento da meta do Projeto Goiânia 2033. Na ocasião, Raimundo elencou os três principais pontos de atenção para os gestores goianos – e que também servem como dicas valiosas para quaisquer administrações públicas do país:

1. O equilíbrio fiscal

Para melhorar os resultados fiscais de uma prefeitura, é sempre necessário identificar oportunidades de se aumentar as receitas municipais. Por outro lado, também é importante enxugar as despesas públicas. Nesse ponto, um caminho que traz resultados é a renegociação de contratos. Além disso, também é preciso reavaliar a prestação dos serviços contratados pela prefeitura. No caso de Goiânia, Raimundo demonstrou que, em comparação com cidades como Manaus, Recife, São Luís, Campinas e Campo Grande, há muito a se diminuir em termos de despesas por habitante. Da mesma forma, quando a comparação é feita observando-se o PIB de serviços, é possível perceber uma série de oportunidades para se aumentar as receitas municipais de ISS.

2. O atendimento das demandas da população

Nessa frente, Raimundo chamou a atenção para o envelhecimento da população local, fenômeno que se intensificará até 2040. Sua sugestão é melhorar o Índice de Desenvolvimento Urbano para Longevidade (IDL), criado pelo Instituto de Longevidade Mongeral Aegon/FGV com o objetivo de revelar a capacidade de as cidades brasileiras atenderem às necessidades básicas dos adultos mais idosos. Atualmente, Goiânia se encontra em 35º lugar nesse ranking específico.

3. O fator competitividade

Raimundo também mostrou que é possível aumentar a competitividade de um município por meio da redução do chamado custo nominal e de melhoria nas práticas de gestão. Para enfrentar esses desafios, o sócio do Aquila defende um programa de modernização da gestão nas prefeituras.

Alguns números refletem essa necessidade: 80% dos Planos de Governo falham por baixa implementação e apenas 10% dos funcionários entendem e participam das mudanças da administração vigente. Assim como no setor privado, as administrações municipais devem ter um direcionamento claro nos projetos e planos alinhados com a meta estratégica das secretarias.

Raimundo lembra que os fatores que garantem uma gestão mais competitiva no serviço público são a qualidade técnica da equipe, a definição de padrões para se medir os resultados, a disciplina no acompanhamento das metas e uma estrutura focada em resultados e a transparência. “Com mudanças na organização e na mentalidade, é possível melhorar as contas públicas e, ao mesmo tempo, entregar resultados mais satisfatórios para a população”, ele acredita.

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