Por que a educação brasileira não deslancha?

Os resultados do IDEB 2013 comprovam que a educação no Brasil, à exceção das ilhas de excelência, estacionou. Quem não conhece a rotina da escola pública acredita que o “feijão com arroz” esteja garantido: professores e alunos em sala de aula, no horário previsto, currículo existente e cumprido, pais participativos, desenvolvimento de atividades interessantes e motivadoras, em locais limpos e organizados. Sem diagnóstico consistente, gestores públicos tomam providências onerosas e ineficazes, como a distribuição às escolas de tablets e lousas interativas.

Diante das lacunas em aspectos prioritários, como infrequência de professores e alunos, aulas pouco atrativas, pais que desconhecem a rotina da escola e o desempenho de seus filhos, na maioria dos casos, esses dispositivos digitais passam a ser requintes que não solucionarão os problemas da educação.

Frente a tais desafios, então, o que fazer? É fato conhecido que, para solucionar problemas, o conhecimento gerencial é absolutamente relevante. Para o pai da administração moderna, Peter Drucker, a base da liderança eficaz é compreender a missão da organização, defini-la e estabelecê-la de forma clara e visível. Mais ainda: segundo Drucker, o que distingue o mau líder do bom líder são suas metas.

Gestores escolares deveriam, consequentemente, estar aptos a estabelecer metas para os resultados do processo de ensino e aprendizagem, e a fazer um diagnóstico sério e consistente. Além disso, teriam de tomar providências simples e objetivas, como uma campanha para redução de faltas de professores e alunos.

Sabe-se que, na prática, a mera coleta e divulgação desses dados já costuma trazer provocar mudanças, uma vez que, culturalmente, as escolas não são gerenciadas com fatos e dados. Ora, sem atuar nesse item, ficará difícil avaliar a dimensão do seu impacto direto na aprendizagem dos alunos.

Deve-se esperar que um bom executivo saiba distinguir fins e meios. Pode parecer óbvio, mas é comum que gestores bem intencionados, por desconhecerem esses princípios, direcionem seus esforços e os de suas equipes para ações meio, em vez de estabelecer metas nos indicadores-fins do processo de ensino e aprendizagem.

Eles estabelecem metas para construção de uma quadra coberta, reforma da biblioteca ou construção de um laboratório de biologia, por exemplo. Essas ações podem ser importantes, muitas vezes até estratégicas, se forem diretamente vinculadas aos resultados. Temos visto várias ações -meio serem implementadas e em nada contribuírem para mudar os resultados-fim, objetivos para que as escolas tenham suas portas abertas.

Está comprovado: um bom líder, com um conhecimento gerencial consistente, está preparado para conduzir o processo pedagógico com maestria. Infelizmente, nossas universidades ainda não estão preparadas para transmitir conhecimentos sólidos em gestão educacional, com foco em resultados.

Por esse motivo, professores não são preparados para administrar instituições de ensino com o foco em resultados. Tocam o dia a dia, sem gerenciar objetivos maiores. A educação não vai deslanchar, portanto, enquanto enxergarmos algumas árvores, mas não tivermos a consciência da floresta.

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